Esses dias eu vi, ouvi ou li em algum lugar que não me lembro onde - uma dessas semi-informações que passam pela gente diariamente em avalanches consecutivas, em que se pesca idéias sem porquê - algo sobre a profissão de escritor ser a mais explorada, pois, mesmo quando o escritor está de férias ou se divertindo ou simplesmente buscando qualquer coisa nova fora de seu trabalho, ele está escrevendo.
E neste momento, tentando organizar meus afazeres, eu percebi o quanto isso é verdade. E não é somente uma questão de escrever para trabalhar, para relaxar, para se divertir, para se distrair. Como tudo no ser humano, o ato da escrita, mesmo naqueles em que ele é mais espontâneo, tende a falhar em alguns momentos. Mas mesmo nestes ainda há a preocupação com o não escrever ou com o que se escreverá mais adiante.
O escritor, quando não está escrevendo, está recolhendo repertório de tudo para o que escreverá em seguida. Isso quando consegue conter o impulso de fazer anotações.
E eu, que nunca sei de nada, também não sei o quanto isso é bom ou ruim. A escrita me traz a sensação de afazer, de utilidade, de competência, de trabalho e suor, mas também o prazer e o alívio de fluir o que sou. É essência e produto. É um processo exaustivo, mas prazeroso. E nesse contraste entre necessidade fisiológica e mercadológica, se encontram os dedos cansados e humanos por traz do teclado.
E eu me pergunto: até que ponto escrever, para o escritor, não é algo que simplesmente acontece. O resto que seja resto.
verdade. não tem como parar, em momento algum. se eu não estou escrevendo, estou pensando no que ainda vou escrever, ou no que já escrevi -q e isso é tudo, sempre.
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