O caso de Hitler

Hoje eu dei aula sobre dissertação para um guri. Pai de família, moço responsável, prestando concurso para polícia federal. Com alguma dificuldade para desenvolver argumentos, mas não exatamente sem instrução.

Em um dos temas que estávamos discutindo para o texto, havia o ponto do racismo, e eu sugeri que ele utilizasse o Holocausto como exemplo de máxima racista no século XX. Ele me questionou se a perseguição aos judeus não tinha sido de caráter religioso, e não racista. Eu confesso que tive que pensar um pouco para responder, mas expliquei que havia interesses políticos, econômicos e sociais que foram usados para justificar a perseguição aos judeus, porém, até onde eu sabia, Hitler não tinha preceitos religiosos tão fortes assim. A religião fora utilizada contra os judeus em outros momentos da história, mas não naquele.

E ele insistiu, já que sua esposa era testemunha de jeová e o pastor - não tenho certeza se foi esse o termo que ele usou - havia dito que muitos testemunhas de Jeová haviam sido perseguidos por Hitler, porque ele queria ser adorado como um deus. Eu respondi que ele queria mais ser dono do mundo do que deus, e continuamos a argumentação por outro viés, mas eu me senti incomodada com aquilo.

Ao assistir este vídeo agora à noite, eu me dei conta do quanto eu havia sentido vontade de defender Hitler à tarde. Não no sentido de assentir ao que ele fez e pregou, mas com a sensação de que aquilo havia sido uma relativa injustiça. E a noção de que ela vinha de um pastor me incomodou mais ainda.

Não sei muito bem o que pensar a respeito.